CMN aprimora regulação das fintechs para ajudar a economia a enfrentar os efeitos da Covid-19. Nosso âncora e diretor executivo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira, avaliou a medida para o Globo. Ele disse que essa autorização era pedida há muito tempo e pode ajudar na concorrência do sistema. Entretanto, dado o cenário de crise, Ribeiro não acredita que as instituições financeiras estarão dispostas em disponibilizar mais crédito.
O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou uma série de mudanças propostas pelo Banco Central na regulação das fintechs de crédito. Entre as mudanças, está a autorização para que as Sociedades de Crédito Direto (SCD) possam emitir cartões de crédito e receber repasses do BNDES .
“As fintechs de crédito constituem importante canal de concessão de crédito pois prestam seus serviços por meio de plataformas eletrônicas e, por isso, possuem alta capilaridade, alcançando até mesmo clientes com menor acesso a serviços financeiros. Ao atuarem com uma estrutura de baixo custo operacional, essas entidades se especializaram em atender segmentos com reduzido histórico de crédito no país, tais como os micro e pequenos empresários”, disse Otávio Damaso, diretor de Regulação do Banco Central. “Dessa forma, podem ter um importante papel contracíclico no atual momento de crise decorrente da Covid-19”, completou.
Na avaliação feita pelo Banco Central, a emissão de cartões de crédito está de acordo com o modelo de negócio dessas instituições, que hoje já podem realizar operações de crédito e emitir moeda eletrônica.
Além disso, essas fintechs (SCD) poderão financiar suas operações com recursos oriundos de repasses do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), tornando-se assim mais um importante canal de realização de políticas públicas, ao considerarmos a capilaridade que as plataformas eletrônicas possuem.
O CMN ampliou, ainda, o escopo dos fundos com os quais as Sociedades de Empréstimo entre Pessoas (SEP) e as SCD podem fazer a cessão de suas carteiras. Originalmente, essas operações podiam ser feitas apenas com fundos de investimentos em direitos creditórios (FIDC) cujas cotas fossem detidas por investidores qualificados. Com a mudança, as operações poderão ser feitas com outros tipos de fundo, desde que mantida a restrição de que suas cotas sejam destinadas exclusivamente a investidores qualificados.
Nosso âncora avaliou a medida para o Globo
Especialistas ouvidos pelo Globo elogiaram a medida por possibilitar o aumento da concorrência do setor, mas ressaltaram que ela pode não ser efetiva para o momento de crise.
Nosso âncora e diretor executivo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira, disse que essa autorização era pedida há muito tempo e pode ajudar na concorrência do sistema.
Entretanto, dado o cenário de crise, Ribeiro não acredita que as instituições financeiras estarão dispostas em disponibilizar mais crédito.
– É uma medida importante, mas neste momento não vai surtir efeito porque os bancos estão muito seletivos e restritivos no crédito, preocupados com a inadimplência que vai crescer por conta de um desemprego maior, em um país que vai ter uma retração econômica este ano.
Ele destaca que, ao dar crédito, o banco faz uma análise de quanto o possível tomador recebe, se está empregado e neste momento a instituição tende a evitar o risco.
– Por mais que o BC diga que esse é momento, não acredito que os bancos vão de forma geral dar crédito para novos clientes com incerteza de não receber – disse.
Essa resolução afeta somente as fintechs classificadas como Sociedade de Crédito Direto (SCD), que usam de recursos próprios para fazer as operações.
Fonte: Banco Central e Globo