Consórcio supera negócios com R$ 354 bilhões em onze meses
Em novembro, consorciados ativos ultrapassam 11,2 milhões e quebram, mais uma vez, o recorde histórico
Estudos econômicos sinalizam perspectiva de crescimento de 8,0% para o mecanismo no próximo ano
“Ao somar 425,32 mil cotas comercializadas no mês de novembro, a segunda maior marca conquistada em vinte anos, o Sistema de Consórcios demonstrou sua força no mercado financeiro, evidenciando a crescente confiança do brasileiro e consequente expansão da presença nos elos da cadeia produtiva”, assegura Paulo Roberto Rossi, presidente executivo da ABAC.
Faltando um mês para o encerramento do ano, o Sistema de Consórcios registrou, mais uma vez, o maior volume de vendas ao cravar 4,17 milhões de cotas, no acumulado de onze meses. O avanço de 7,8% sobre os 3,87 milhões anteriores esteve no intervalo entre 6% a 8% da projeção feita no final de 2023 pela assessoria econômica da ABAC Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios.
De janeiro a novembro, a somatória dos negócios realizados, a partir das cotas comercializadas, alcançou R$ 354,13 bilhões, 20,6% maior que os R$ 293,62 bilhões de um ano atrás.
O volume de adesões teve sua base formada por 1,64 milhão de cotas de veículos leves; 1,23 milhão de motocicletas e motonetas; 924,92 mil de imóveis; 221,59 mil de veículos pesados; 115,25 mil de eletroeletrônicos e outros bens móveis duráveis; e 48,42 mil de serviços.
Por decorrência, o total de consorciados ativos continuou crescendo e bateu novo recorde em novembro. Com 11,22 milhões de participantes ativos, o Sistema de Consórcios progrediu 9,1% sobre os 10,28 milhões daquele mês em 2023.
No acompanhamento mensal da assessoria econômica da ABAC, iniciado em janeiro de 2022, a soma de integrantes anotava 8,21 milhões. Em novembro deste ano, a totalidade quebrou mais um recorde ao chegar a 11,22 milhões. Concluídos trinta e cinco meses consecutivos de constante crescimento, o acréscimo foi de 36,7%. A um mês de completar três anos, houve apenas uma retração em abril de 2023.
No conjunto de setores onde o consórcio está presente, a divisão por bens e serviços apresentou altas em quatro setores: 22,8% nos imóveis; 11,7% nos veículos pesados; 8,1% nos veículos leves; e 7,3% em motocicletas. Aqueles, nos quais aconteceram retração, foram: serviços, com -32,7%, e eletroeletrônicos e outros bens móveis duráveis, com -15,8%.
Nos seis segmentos econômicos do Sistema de Consórcios, o total de cotas ativas ficou assim disposta: 43,0% em veículos leves; 27,4% em motocicletas; 18,7% em imóveis; 7,7% em veículos pesados; 2,1% em eletroeletrônicos e outros bens móveis duráveis; e 1,1% em serviços.
No décimo primeiro mês do ano, o tíquete médio do Sistema de Consórcios foi R$ 95,58, 13,9% superior aos R$ 83,93 anotados no mês de novembro do ano passado.
Na relação nos últimos cinco anos, o tíquete médio demonstrou expansão nominal de 49,9% entre os valores médios considerados somente os meses de novembro. Ao descontar a inflação (IPCA) de 29,9% do período, na relação da diferença dos R$ 63,78 mil, em 2020, para os R$ 95,58 mil, em 2024, houve valorização real de 15,4%.
O crescimento nominal de 49,9% do tíquete médio, ao longo dos últimos cinco anos, pode ser creditado a várias razões, em especial o aumento gradativo da renda do brasileiro que continua sendo o diferencial no Sistema de Consórcios.
A renda média mensal domiciliar per capita do brasileiro em 2023 foi de R$ 1.848, o maior valor, até à época, registrado no país. Esse valor representou um aumento de 11,5% em relação a 2022, quando a renda média era de R$ 1.658. Já no primeiro trimestre de 2024, a renda habitual média dos brasileiros foi de R$ 3.137,00, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em paralelo, nos últimos doze meses, a inflação acumulada foi de 4,84%, com o IPCA avançando 0,39% em novembro, ultrapassando novamente o teto da meta, 4,50%, estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional.
O acumulado de consorciados contemplados atingiu 1,56 milhão, 4,7% maior que os 1,49 milhão verificados nos comparativos entre as somatórias de janeiro a novembro de 2024 e 2023.
Nas segmentações das contemplações, ocorridas por sorteio ou por lance, nos onze meses, houve: 647,47 mil de motocicletas; 637,80 mil de veículos leves; 103,54 mil de imóveis; 82,83 mil de veículos pesados; 52,85 mil de eletroeletrônicos e outros bens móveis duráveis; e 32,46 mil de serviços.
A liberação de créditos para os consorciados contemplados atingiu R$ 91,03 bilhões, no período. Potencialmente injetados nos segmentos da economia nos quais o mecanismo está presente, o que correspondeu a aumento de 17,8% sobre os R$ 77,29 bilhões anteriores.
Perspectivas para 2025
“Ao somar 425,32 mil cotas comercializadas no mês de novembro, a segunda maior marca conquistada em vinte anos, o Sistema de Consórcios demonstrou sua força no mercado financeiro, evidenciando a crescente confiança do brasileiro e consequente expansão da presença nos elos da cadeia produtiva”, assegura Paulo Roberto Rossi, presidente executivo da ABAC.
Na estimativa de fechamento de um dos melhores anos da modalidade, Rossi, baseado em estudos da assessoria econômica da ABAC, considerou diversos aspectos da economia brasileira. Ao acreditar na possível evolução da inflação com consequente elevação da taxa Selic, e na menor evolução do PIB, o presidente executivo da ABAC, ao analisar a percepção dos executivos do setor refletida no ICSC Índice de Confiança do Setor de Consórcios ao longo do ano, entende que 2025 será um ano de superação de desafios, para crescer e bater novos recordes de adesões, negócios e participantes. “Estimo, que, a exemplo deste ano, o Sistema de Consórcios possa crescer 8,0% no próximo, ponderando os aumentos de 20,0% para os imóveis, 10,0% para veículos pesados, 6,0% para os veículos leves, 2,0% para as motocicletas, 23,0% para os eletroeletrônicos e outros bens móveis duráveis, e 10,0% para os serviços”.
Ao evocar os diversos recordes históricos registrados ao longo de 2024, o presidente apontou ainda que “a ampliação do conhecimento sobre a essência da educação financeira tem sido e continuará sendo um dos principais fatores da demanda, também no próximo ano”, resume.
O consórcio na última década
Na última década, ao chegar no novo recorde de 11,22 milhões de participantes ativos, registrados no mês de novembro deste ano, todas as marcas anotadas naquele mês de 2015 a 2023 foram superadas. De 2015 a 2024, houve evolução de 57,4%.
Na venda de cotas, acumuladas de janeiro a novembro durante os últimos dez anos, observou-se que a soma deste ano, com 4,17 milhões de unidades comercializadas, foi a maior do período. De 2015 a 2024, houve progresso de 94,0%.9
Paralelamente, na totalização de consorciados contemplados, nos mesmos onze meses, também na mesma década, confirmou-se que o 1,56 milhão, foi o resultado com melhor performance no período.
A presença do consórcio nos elos da cadeia produtiva
Além das concretizações de desejos dos consorciados, um dos principais reflexos do Sistema de Consórcios tem sido, em mais de seis décadas, a presença da modalidade no planejamento da produção industrial nos mais diversos segmentos da economia nos quais está presente, contribuindo consequentemente para o desenvolvimento do país.
O consórcio está em setores como o de motocicletas que, somente nos onze meses de contemplações, anotou a potencial aquisição de uma moto a quase cada três comercializadas no mercado interno. No setor automotivo, a possível presença esteve também em um a cada três veículos leves vendidos no país.
Outro exemplo de atuação pode ser verificado no mercado de veículos pesados, no qual o mecanismo apontou a potencialidade de um a cada três caminhões negociados no mercado automotivo, para ampliação ou renovação de frotas do setor de transportes, com destaque para uso de equipamentos no agronegócio.
A influência do consórcio na economia brasileira tem sido crescente. Pode ser demonstrada pelos totais de créditos liberados e à disposição dos consorciados, como nos mercados de veículos automotores e
imobiliário. Nas concessões acumuladas de janeiro a novembro, o Sistema de Consórcios alcançou 28,5% de potencial participação no setor de automóveis, utilitários e camionetas. Nas de motos, houve 37,6% de provável participação, e no de veículos pesados, a relação somente para caminhões foi de 33,2%.
Nos dez meses iniciais deste ano, o segmento imobiliário apresentou 16,4% de consorciados contemplados em potenciais participações no total de 561,92 mil imóveis financiados, incluindo o consórcio. Aproximadamente houve um imóvel por consórcio a cada seis comercializados.
“É importante relembrar que muitos créditos liberados por ocasião das contemplações no Sistema de Consórcios”, esclarece o presidente executivo da ABAC, “não são transformados em bens ou em contratação de serviços de imediato. Assim, existem valores pertencentes a contemplados em vários segmentos que ainda não foram utilizados, razão pela qual seguimos divulgando em dois tipos de classificações: primeiro as estimativas de potenciais inserções dos créditos nos mercados de cada setor e na sequência as aquisições realizadas”, complementa.
Aquisições de veículos via consórcio mantêm sua participação nas vendas no mercado interno
Ao utilizar os dados divulgados pela B3 até outubro, os percentuais de aquisição de veículos automotores realizados via consórcio reafirmaram a presença e o gradativo crescimento do mecanismo nas vendas no mercado interno, nos dez meses deste ano.
A participação dos consórcios, incluindo leves, motos, caminhões e implementos rodoviários, novos e seminovos, variaram de 8,1% a 32,5% entre os totais no período. Cada percentual registrou o interesse dos consumidores, pessoas físicas e jurídicas, pela modalidade como forma de usufruir das características básicas como parcelas acessíveis, sem juros, prazos longos, poder de compra, sem cobranças retroativas, sem IOF, entre outros.
No segmento de veículos leves, observou-se que, do total geral, 8,1% foram realizados com créditos concedidos por contemplações, enquanto 91,9% originaram-se dos financiamentos.
Na divisão entre novos e usados, verificou-se que 9,2% dos veículos zero km foram via consórcio enquanto 90,8% foram por financiamentos. Nos seminovos, houve 7,9% pelo consórcio e 92,1% por financiamentos.12
No segmento das duas rodas, observou-se que, do volume comercializado no mercado nacional, 25,9% foram utilizados a partir de créditos concedidos por consórcio, e 74,1% provenientes de financiamentos.
Ao separar em novas e usadas, 32,5% estiveram nas motos zero via consórcio e 67,5% foram por financiamentos. Nas seminovas, houve 7,8% pela modalidade consorcial e 92,2% por financiamentos.
No segmento dos veículos pesados, os caminhões mostraram que do total vendido internamente, 10,5% foram com uso de créditos liberados por consórcio e 89,5% procedentes de financiamentos.
Na separação entre novos e usados, houve 8,5% de caminhões zero comercializados via consórcio e 91,5% por financiamentos. Os seminovos somaram 12,1% via Sistema de Consórcios, enquanto 87,9% foram por financiamentos.
Ainda em veículos pesados, os implementos rodoviários totalizaram 18,3% de vendas pelo consórcio e 81,7% resultante de outras linhas de crédito, no mercado interno.
Na análise entre novos e usados, houve 16,5% de semirreboques zero via consórcio e 83,5% pelos vários tipos de financiamentos. Paralelamente, os seminovos atingiram 21,4% pelas contemplações e 78,6% por empréstimos variados.
O momento do consórcio na economia nacional
O recente ajuste da taxa Selic para 12,25% a.a. foi realizado em razão de, no cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho seguirem apresentando dinamismo, com destaque para a divulgação do PIB do terceiro trimestre, que indicou abertura adicional do hiato. A inflação acumulada e as medidas subjacentes têm se situado acima da meta estabelecida e apresentaram elevação nas divulgações mais recentes. Vale complementar que, no sentido contrário, a taxa de desemprego diminuiu e chegou a 6,2%.
Presentes em todos os segmentos da economia brasileira como veículos automotores, que incluem veículos leves, motocicletas e veículos pesados, imóveis, serviços e eletroeletrônicos e outros bens móveis duráveis, o Sistema de Consórcios tem ampliado gradativamente seu market share setorial. Por decorrência, o mecanismo alavanca e impulsiona a produção industrial, sem gerar inflação.
O crescente interesse do mercado consumidor está vinculado a evolução comportamental do brasileiro relativamente à gerência de suas finanças pessoais. Ao planejar seus compromissos mensais, os interessados têm buscado fazê-los dentro do orçamento, administrando sua impulsividade, razões que os têm levado a separar parte da sua receita para investimentos.
Rossi finaliza esclarecendo que “as boas performances verificadas nos diversos indicadores consorciais são consequência das atitudes daqueles que, ao optarem pelo mecanismo, vêm provocando resultados expressivos nos volumes mensais de adesões como o alcançado em novembro”.
Números do sistema de consórcios
Estimativas segundo a assessoria econômica da Abac
No encerramento de novembro, o Sistema de Consórcios apresentou significativo avanço nos negócios realizados, apoiado pelo aumento observado nas vendas de cotas, considerando ainda alta do valor do tíquete médio mensal, que provocaram novo patamar no total dos participantes ativos.
Dos seis indicadores setoriais básicos da modalidade, cinco apresentaram progressos na somatória das comercializações: eletroeletrônicos e outros bens móveis duráveis, com 52,6%; imóveis, com 27,3%; serviços, com 11,1%; veículos leves, com 5,1%; e motocicletas, com 5,1%. O único setor em que houve redução foi o de veículos pesados, com -24,5%.