Adesões acumulam 2,10 milhões e consorciados ativos chegam a 10,70 milhões
Na somatória de janeiro a junho, negócios superam R$ 170 bilhões, 18,4% acima do totalizado no mesmo período de 2023
“Durante o primeiro semestre, o Sistema de Consórcios apresentou ligeiras oscilações nos meses iniciais, motivadas pelas férias escolares, carnaval, fins de semana prolongados e menos dias úteis trabalhados. Na retomada, nos meses subsequentes, o ritmo repetiu o desempenho dos anos anteriores. A performance reagiu de forma gradativa e consolidada”, avaliou Paulo Roberto Rossi, presidente executivo da ABAC.
O Sistema de Consórcios encerrou o primeiro semestre deste ano cravando 2,10 milhões de cotas vendidas, recorde histórico nas mais de seis décadas da modalidade para seis meses, contra 1,99 milhão atingidos no mesmo período do ano passado. Em doze meses, houve crescimento de 5,5%.
Os acumulados setoriais de adesões anotaram 849,34 mil em veículos leves; 646,31 mil em motocicletas; 419,33 mil em imóveis; 117,21 mil em veículos pesados, 42,02 mil em eletroeletrônicos; e 26,20 mil em serviços.
De janeiro de 2022, quando totalizou 8,21 milhões de consorciados ativos, até junho de 2024, no momento em que somou 10,70 milhões, o consórcio completou trinta meses consecutivos de crescimento constante, atingindo 30,3% de aumento. Houve apenas uma retração em abril do ano passado, informou a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC).
Na comparação de junho último com o mesmo mês do ano passado, o mecanismo anotou avanço de 10,7%. Foram 10,70 milhões de participantes ativos sobre os 9,67 milhões de um ano antes.
Ao longo do primeiro semestre, os negócios realizados, a partir das vendas de cotas, alcançaram R$ 170,43 bilhões, 18,4% maior que os R$ 144,00 bilhões do mesmo semestre de 2023.
Com a entrada de mais participantes, contratando créditos maiores, o tíquete médio do Sistema de Consórcios em junho chegou a R$ 81,18 mil, 4,3% acima dos R$ 77,85 mil obtidos naquele mês em 2023.
Nos últimos cinco anos, o tíquete médio demonstrou expansão nominal de 55,1% entre os valores médios apontados nos meses de junho. Ao descontar a inflação (IPCA) de 30,7% do período, na relação da diferença de R$ 52,33, em 2020, para R$ 81,18 em 2024, houve valorização real de 18,7%.
Entre outros fatores, o progresso nominal de 55,1% do tíquete médio pode ser creditado ao crescente conhecimento do brasileiro sobre educação financeira, agregado à gestão das suas finanças pessoais. Porém, o principal input continua sendo a renda. Em abril, o valor médio real foi de R$ 3.222,00, 6,8% superior ao valor atingido naquele mesmo mês no ano passado, R$ 3.017,00, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNAD Contínua.
Na contramão, a inflação de 4,23%, anotada nos últimos doze meses, dentro do teto de 4,5%, incluindo a recente tragédia no Rio Grande do Sul, geraram desdobramentos negativos em diversos segmentos da economia pelo país.
No semestre, o acumulado de consorciados contemplados somou 865,22 mil, 7,5% superior às 804,49 mil, contabilizado nos mesmos seis meses do ano passado, o que propiciou aumento de liberações de créditos para potenciais aquisições.
No período, entre as contemplações por sorteio ou por lance foram constatadas 376,23 mil de motocicletas; 341,93 mil de veículos leves; 59,50 mil de imóveis; 41,32 mil de veículos pesados; 28,21 mil de eletroeletrônicos e outros bens móveis duráveis; e 18,05 mil de serviços.
A concessão de créditos relativos aos consorciados contemplados, ocasião em que os objetivos podem ser concretizados, somou R$ 49,48 bilhões, potencialmente injetados nos segmentos da economia onde o mecanismo está presente, 23,8% maiores que os anteriores R$ 39,98 bilhões.
Os 10,70 milhões de participantes ativos atingidos no final do primeiro semestre deste ano superaram os resultados de junho apurados de 2015 a 2024.
“Durante o primeiro semestre, o Sistema de Consórcios apresentou ligeiras oscilações nos meses iniciais, motivadas pelas férias escolares, carnaval, fins de semana prolongados e menos dias úteis trabalhados. Na retomada, nos meses subsequentes, o ritmo repetiu o desempenho dos anos anteriores. A performance reagiu de forma gradativa e consolidada”, avaliou Paulo Roberto Rossi, presidente executivo da ABAC.
Ao anotar dois recordes históricos: vendas de cotas e volume de participantes ativos, a modalidade reafirmou sua importância no planejamento dos consumidores que desejam ampliar patrimônio ou dar um upgrade na qualidade de vida. “Ao optar pelo consórcio como investimento econômico, o brasileiro tem evitado arcar com o ônus dos juros, comuns às outras modalidades de aquisição parcelada. Procurou manter seu orçamento equilibrado e gerir suas finanças para concretizar objetivos pessoais, familiares e profissionais, com custos finais menores”, completa. “O comportamento do consorciado, apoiado basicamente na essência da educação financeira, vem evidenciando que as decisões pela não realização de compras com imediatismos, sempre com pés no chão, ratificam maior responsabilidade no respeito aos compromissos financeiros assumidos”, particulariza Rossi.
Consórcios na cadeia produtiva
Um dos principais objetivos do Sistema de Consórcios, desde sua criação, foi e tem sido, além das realizações individuais dos consorciados, sua importância para o planejamento da produção industrial nos mais diversos segmentos da economia nos quais está presente, validando a participação no desenvolvimento do país.
Os consórcios estão em setores como o de duas rodas que, somente no primeiro semestre de contemplações, apontou a potencial aquisição de uma moto a cada duas comercializadas no mercado interno. No setor automotivo, a possível presença esteve também em um a cada três veículos leves vendidos no país.
Outro exemplo de atuação pode ser verificado no mercado de veículos pesados, onde o mecanismo anotou a potencialidade de uma a cada três comercializações de caminhões no mercado automotivo, negociados para ampliação ou renovação de frotas do setor de transportes, com destaque para uso no agronegócio.
O porte dos consórcios na economia brasileira pode ser comprovado pelos totais de créditos concedidos e potencialmente inseridos, como nos mercados de veículos automotores e imobiliário. Nas liberações acumuladas de janeiro a junho, o Sistema de Consórcios atingiu 31,7% de potencial frequência no setor de automóveis, utilitários e camionetas. No de motocicletas, houve 40,3% de provável participação, e no de veículos pesados, a relação somente para caminhões foi de 33,2%, no período.
No segmento imobiliário, somente nos cinco primeiros meses deste ano, as contemplações representaram potenciais 19,1% de participação no total de 243,84 mil imóveis financiados, incluindo os consórcios. Aproximadamente ocorreu um imóvel por consórcio a cada cinco comercializados.
Nos 10,70 milhões de participantes ativos, os consórcios marcaram avanços em quatro setores: 23,7% nos imóveis; 18,3% nos veículos pesados; 8,9% nos veículos leves; e 8,1% nas motocicletas. Dois outros setores anotaram retrações: 27,3% nos serviços e 5,4% nos eletroeletrônicos e outros bens móveis duráveis.
Em cada um dos setores, nos quais o mecanismo está presente, a somatória de cotas ativas ficou assim distribuída: 43,5% nos veículos leves; 27,6% nas motocicletas; 17,6% nos imóveis; 7,6% nos veículos pesados; 2,4% nos eletroeletrônicos e outros bens móveis duráveis; e 1,3% nos serviços.
Nas vendas de cotas, acumuladas nos seis primeiros meses durante a última década, constatou-se que as de 2024, com 2,10 milhões de adesões, foram as melhores do período.
Na somatória das contemplações, no mesmo semestre, também durante a última década, foi possível confirmar que as 865,22 mil, deste ano, foi a melhor totalização alcançada.
No primeiro semestre do ano a economia brasileira seguiu buscando se ajustar em diversas áreas, visando expandir o cenário de desenvolvimento. Medidas vem sendo tomadas para tentar controlar a dívida pública, inclusive a grande pressão para redução da taxa básica de juros, na expectativa de aceleração de crescimento de diversos segmentos.
Depois da recente divulgação da inflação de junho, com IPCA atingindo 4,23% nos últimos 12 meses, ainda abaixo do teto de 4,5%, segundo o IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a avaliação da assessoria econômica da ABAC projeta boas perspectivas para o Sistema de Consórcios no segundo semestre.
“Com os bons resultados contabilizados nos primeiros seis meses, o Sistema de Consórcios, face às suas características e peculiaridades exclusivas, deverá continuar tendo desempenho crescente nos diversos setores onde está presente, sempre apoiado no comportamento consciente e planejador exercido pelos consumidores”, conclui Rossi.