Após vários meses em queda, as taxas de juros das operações de crédito voltaram a ser elevadas.
Em dezembro, todas as linhas de crédito tiveram suas taxas de juros elevadas no mês. Expectativas de provável aumento dos índices de inadimplência estão entre as causas das elevações dos juros ao consumidor.
A taxa de juros média geral para pessoa física apresentou uma elevação de 0,91% no mês (1,20% em doze meses). Subiu de 5,51% ao mês (90,34% ao ano) em novembro para 5,56% ao mês (91,42% ao ano) em dezembro, o que corresponde a maior taxa de juros desde agosto de 2020.
Esses índices são da pesquisa de juros da Anefac, coordenada pelo nosso âncora Miguel José Ribeiro de Oliveira, ex-presidente da entidade. O maior vilão do setor continua a ser o cartão de crédito: aumento de 0,91%. Subiu de 10,97% ao mês (248,71% ao ano) para 11,07% (252,50% ao ano).
Em seguida, o cheque especial: aumentou 0,86%. Subiu de 6,96% ao mês (124,21% ao ano) para 7,02% ao mês (125,72% ao ano).
A taxa média geral dos juros ao consumidor aumentou de 5,51% ao mês (90,34% ao ano) para 5,56% (91,42% ao ano). Acompanhe as taxas cobradas em cada modalidade de crédito.
Em relação à pessoa jurídica, todas as linhas de crédito pesquisadas também tiveram suas taxas de juros elevadas no mês. A taxa de juros média geral para pessoa jurídica apresentou uma elevação de 1,41% no mês (1,63% em doze meses). Subiu de 2,83% ao mês (39,78% ao ano) em novembro para 2,87% ao mês (40,43% ao ano) em dezembro, sendo esta a maior taxa de juros desde setembro de 2020.
Taxa de juros x Selic
Considerando todas as elevações e reduções da taxa básica de juros (Selic), promovidas pelo Banco Central desde março de 2013, ocorreu neste período (março de 2013 a dezembro de 2020) uma redução da Selic de 72,41%. Assim, a Selic foi reduzida de 7,25% ao ano em abril de 2013 para 2,00% ao ano em dezembro de 2020.
Neste período, a taxa de juros média para pessoa física apresentou uma elevação de 3,92%. Desse modo, os juros foram elevados de 87,97% ao ano em março de 2013 para 91,42% ao ano em dezembro de 2020.
Nas operações de crédito para pessoa jurídica houve uma redução de 7,23%. Assim. os juros foram reduzidos de 43,58% ao ano em março de 2013 para 40,43% ao ano em dezembro de 2020.
Causas das elevações
A) Aumento dos juros futuros;
B) Expectativa de novas elevações da taxa básica de juros frente a uma inflação maior;
C) Expectativas com a provável elevação dos índices de inadimplência por conta dos fatores:
* Fim das carências nos empréstimos (pausas e carência nas negociações de dívidas);
* Desemprego elevado;
* Fim do pagamento dos auxílios emergenciais;
* Elevação da inflação e seus efeitos na renda;
* Maior seletividade dos bancos na concessão de crédito.
Perspectivas para os próximos meses
Tendo em vista a piora do cenário econômico com maior risco de crédito e da elevação da inadimplência, a tendência é que as taxas de juros possam ser elevadas nos próximos meses.
Entretanto, algumas ações do Banco Central podem amenizar estas altas como redução de impostos, compulsórios e reduções da Taxa Básica de Juros.