Quem ganha, quem perde. Acompanhe a tendência a curto e médio prazo.
Miguel José Ribeiro de Oliveira
Neste ano, ocorreu uma queda de cerca de 15% de desvalorização do dólar frente ao real. Esse quadro, a princípio, ocorre porque o Banco Central vem subindo a Taxa Básica de Juros (Selic) para conter a inflação e, nesse ambiente, de juros altos aqui e juros baixos no exterior faz com que os investidores tragam dinheiro ao Brasil para aproveitar essa alta da taxa de juros que possibilita ganhos maiores.
Naturalmente, esse cenário permanece enquanto os
juros lá fora estão mais baixos. Entretanto, temos um ambiente em que há
inflação mais alta no mundo inteiro provocada pela questão da guerra e da alta
dos combustíveis. Isso deve levar os Bancos Centrais das principais economias
da Europa e dos Estados Unidos a subirem as suas taxas de juros para conter
exatamente a inflação.
Nesse cenário em que os Bancos Centrais lá fora vão subir
os juros deve ocorrer nos próximos meses e fazer uma mudança na aplicação dos
investidores, que vieram por causa das
taxas de juros mais baixas em seus países. Eles devem fazer o movimento de seus investimentos em sentido contrário. Quer dizer, eles vão
retornar aos seus países, aproveitando o aumento dos juros dos Bancos Centrais
de seus países para conter a inflação.
Além disso, eles vão obter um ganho maior em relação
à segurança, aproveitando a blindagem de uma economia mais segura em seus
países. Então, devemos ter pela frente uma mudança nesse quadro atual de
valorização do real frente ao dólar.
Quem
ganha e quem perde
Importante destacar que com a alta do dólar ou com a
sua queda tem setores que se beneficiam e tem setores que tem perdas. Então,
nesse caso específico, com a alta do real frente ao dólar, quem ganha
basicamente são os importadores, pois o dólar alto inibe trazer produtos
lá de fora, pois aqui dentro eles estariam mais barato. O importador pagaria
muito mais caro para trazer esses produtos.
Assim, os importadores se beneficiam com o dólar
baixo porque podem trazer esses produtos por um preço vantajoso. O problema é
que o aumento da importação faz com que gere emprego lá fora, pois esses
produtos não são fabricados aqui. Esse é outro fator da economia que prejudica
o mercado interno, privilegiando as
importações nesse ambiente. Claro que uma alta de 15% do real não é suficiente provocar isso. Mas, de qualquer forma, beneficia
os importadores.
Quem perde com o dólar baixo são os exportadores
porque eles vão receber a mesma quantidade de dólares dos seus contratos, mas
estarão valendo menos ao ser convertido em real.
Inflação
Outro fator a ser destacado é a inflação que se
beneficia com o dólar baixo. Temos visto nesse tempo todo que o dólar alto
pressionou a inflação porque temos produtos que são importados ou produtos em
que os seus componentes são importados. Então, isso pressiona a inflação.
Então, o dólar mais baixo beneficia a inflação
porque os preços que dependem de produtos importados sobem menos. Então, essa é
a questão da desvalorização, sempre lembrando que esse cenário é a do momento atual, pois o dólar alto ou baixo
influencia fatores internos e fatores externos.
De qualquer forma, a curto prazo, a tendência é essa
desvalorização do dólar frente ao real, mas a médio prazo a tendência é que o
dólar volte a se recuperar e não se desvalorizar frente ao real.