Confira análise do nosso âncora Miguel José Ribeiro de Oliveira
A tendência a curto prazo é que as taxas de juros, mesmo a Selic ter sido inalterada, eventualmente, as taxas de juros ao consumidor possam continuar subindo por conta do efeito de risco maior de crédito.
O Banco Central terminou ontem a última reunião do Copom – Comitê de Política Monetária em que define a taxa de juros a ser vigorada no país.
Como era esperado, o BC resolveu manter inalterada a Selic em 13,75% ao ano. Essa taxa vai balizar e é referência para todas as taxas de juros, tanto nas operações de credito como para investimentos – Fundos de Renda Fixa, Tesouro Direto, etc.
Com relação à manutenção da Selic que era esperada, ela significa que as taxas de juros ao consumidor a princípio não deveriam subir. Entretanto, a gente tem visto aí as taxas de juros ao consumidor, tanto pessoa física como pessoa jurídica sendo elevadas. Esse fator acontece porque mesmo a Selic não ter sido elevada e isso ocorreu inclusive nas últimas reuniões do Copom do Banco Central, há risco maior do crédito, já que estamos num momento da economia com inadimplência muito alta.
Apesar do desemprego de ter sido reduzido, ainda permanece elevado. Há uma queda de renda por conta de uma inflação mais alta que vigorou durante esse ano. Então, frente a esse cenário, os bancos com risco maior de crédito, subiram as taxas de juros.
Então, a tendência a curto prazo é que as taxas de juros, mesmo a Selic ter sido inalterada, eventualmente, as taxas de juros ao consumidor possam continuar subindo por conta desse efeito de risco maior de crédito.
Quando a gente olha que a taxa de juros não subiu, entretanto, precisamos olhar um horizonte mais longo porque a Selic subiu vários meses consecutivos. Então, uma alta da Selic de 0,5 ponto percentual, por exemplo, que o Banco Central tenha promovido em um único mês, ela tem um efeito muito pequeno nas operações de crédito, exatamente pela diferença entre a taxa de juros da Selic e a taxa de juros que chega ao consumidor acima de 100% ao ano. Então, a alta de 0,5 pontos percentual numa taxa ano pouco significa. Só alguns reais a mais num financiamento que o consumidor vai pagar.
Entretanto, quando se olha o horizonte total em que a taxa básica sobe mês a mês, esse já passa a ter um impacto substancial porque essas altas consecutivas dão um impacto bem maior no bolso do consumidor.
Então, a curto prazo as taxas de juros devem se manter estáveis com pequenas alterações para cima a depender da questão da inadimplência. Espera-se agora que tudo dê certo e o Banco Central, no ano que vem, possa lá na frente começar a reduzir a taxa básica de juros.