Fotógrafo foi agredido com socos e chutes
O procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu hoje (4) ao Ministério Público do Distrito Federal que apure as agressões sofridas por jornalistas durante manifestação ocorrida ontem (3) em Brasília. No ofício enviado ao órgão, Aras defende a responsabilização penal dos autores.
“Tais eventos, no entender deste Procurador-Geral da República, são dotados de elevada gravidade, considerada a dimensão constitucional da liberdade de imprensa, elemento integrante do núcleo fundamental do Estado Democrático de Direito”, afirmou Aras.
Ontem (4), data em que se celebrava o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, o fotógrafo Dida Sampaio, do jornal O Estado de S. Paulo, foi agredido com socos e chutes quando tentava registrar fotos do presidente Jair Bolsonaro cumprimentando os manifestantes em frente ao Palácio do Planalto. Além de Sampaio, o motorista do jornal Marcos Pereira foi derrubado com uma rasteira. Os agredidos deixaram o local escoltados pela Polícia Militar. Jornalistas de outros veículos também foram hostilizados durante o ato.
As agressões foram repudiadas por ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e por entidades da sociedade civil.
Os manifestantes levavam faixas com mensagens contrárias ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal e de apoio ao presidente.
André Richter
Agência Brasil
ONU diz que jornalismo é essencial para neutralizar desinformação
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, afirmou hoje (3) que o jornalismo é essencial para ajudar a neutralizar os danos causados pelo que classifica como “pandemia da desinformação”. Em um vídeo veiculado no Twitter, por ocasião do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, o mandatário defendeu o segmento, destacando-o como crucial para a tomada de “decisões fundamentadas”, no âmbito do combate à covid-19.
“À medida que o mundo luta contra a pandemia da covid-19, essas decisões podem fazer a diferença entre a vida e a morte”, disse o representante da ONU.
Segundo Guterres, a desinformação generalizada tem abrangido “desde conselhos prejudiciais à saúde até ferozes teorias de conspiração”. Ele avalia que, apesar das “notícias e análises verificadas, científicas e baseadas em fatos”, que fazem com que a imprensa desempenhe um papel imprescindível na atualidade, os jornalistas têm sofrido cerceamento no exercício de suas funções.
“Desde que a pandemia começou, muitos jornalistas estão sendo submetidos a mais restrições e punições, simplesmente por fazerem seu trabalho”, pontuou.
Guterres dirigiu um chamamento às autoridades governamentais e à sociedade como um todo, fazendo um apelo para que garantam que a imprensa possa desenvolver suas atividades livremente. As medidas de isolamento social e quarentena, acrescentou, não devem ser usadas como pretexto para limitar o trabalho dos profissionais da categoria.
“Hoje, agradecemos à mídia por fornecer fatos e análises, por responsabilizar os líderes, em todos os setores, e por falar a verdade ao poder. Reconhecemos, particularmente, aqueles que estão desempenhando um papel que salva vidas ao dar relatos sobre a saúde pública. E apelamos aos governos para proteger os trabalhadores da mídia e fortalecer e manter a liberdade de imprensa, essencial para um futuro de paz, justiça e direitos humanos para todos”, finalizou Guterres.
Letycia Bond
Agência Brasil