“Só faça o empréstimo se for uma extrema necessidade.” Essa é a principal recomendação do nosso âncora Miguel Ribeiro de Oliveira.
“O grande risco é a pessoa se endividar muito com esse crédito consignado, pois não vai contar mensalmente com o seu salário integral.”
“Mas, de modo geral, a medida é positiva. Vai permitir que a população que passa por necessidades básicas tenha acesso a crédito em condições muito melhores, com taxas de juros muito mais baixas e prazos muito mais longos.”
Aqui ele analisa a mudança aprovada pelo senado no crédito consignado, que prevê aumento de 35% para 40% na margem para quem recebe o Benefício de Prestação Continuada (BPC), a Renda Mensal Vitalícia (RMC) e o Auxílio Brasil.
O texto aprovado prevê o aumento de 35% para 40% a margem consignável dos empregados celetistas, servidores públicos ativos e inativos, pensionistas, militares e empregados públicos.
A aprovação da medida ocorreu no dia 7 de julho e aguarda sanção do presidente da República, Jair Bolsonaro.
Acompanhe análise e orientação sobre a mudança no crédito consignado.
“Essa medida tem duas vertentes. Tem o lado positivo porque a crise está afetando todas as categorias de baixa até alta renda, o desemprego está alto, a pandemia reduziu muito a renda em geral, a inflação e os juros altos continuam a corromper a renda das famílias. Então, há uma dificuldade maior. Não é à toa que o endividamento está muito elevado.
Nesse cenário, as pessoas de baixa renda têm uma dificuldade maior de ter acesso a crédito. Uma boa parte dessas pessoas está na informalidade e não tem o cadastro positivo ou garantia a ser ofertada que permita crédito. Então, no momento de muita incerteza como agora, os bancos passam a ser muito seletivos. Nessa situação, as primeiras pessoas que os bancos cortam de qualquer opção de crédito são justamente aquelas que não têm um bom cadastro para oferecer.
Então, essas pessoas que estão com dificuldades e necessidade de crédito para sobreviver, muitas vezes sem dinheiro para comprar remédio e comida. não conseguem fazer um empréstimo. Quando elas conseguem crédito, acabam caindo nas financeiras com taxas de juros extremamente elevadas, já que o risco é muito maior. Essas operações são inviáveis do ponto de vista financeiro.
Por isso, o crédito consignado é uma operação de baixo risco para o banco. O crédito consignado tem taxas de juros mais baixas. É a linha de crédito mais barata no país. Então, desse ponto de vista, ela é uma boa medida. É positivo porque permite que pessoas que não tem acesso a crédito obterem um empréstimo com juros mais baixos do que conseguiriam procurando agiotas ou financeiras que cobram juros muito caros. Então, essa medida é muito positiva nesse sentido.
O grande risco é a pessoa se endividar muito
A segunda vertente é um lado que se eu não chamo de negativo. É um lado de risco maior. Isso porque a pessoa pode se endividar muito. A partir do momento que faz um empréstimo, 40% do seu valor ficam retidos como garantia. Isso quer dizer que o cidadão, que faz o crédito consignado, inicialmente não vai receber o valor total do benefício. Vai receber só uma parte dele.
Então, a pergunta que se faz é: você que vai fazer o crédito consignado consegue sobreviver só com o restante do salário que vai receber?
A minha recomendação para essas pessoas que vão utilizar esse crédito consignado é no sentido de que só façam realmente o empréstimo se for uma necessidade premente. Por exemplo, não vai fazer o empréstimo, mas passa necessidade e morre de fome. Isso não. Faça o empréstimo e viva.
Mas, enfim, o grande risco é a pessoa se endividar muito com esse crédito consignado, pois não vai contar mensalmente com o seu salário integral. O saldo que vai receber passa a ser menor e, dessa forma, não consegue sobreviver.
Mas, de modo geral, a medida é positiva. Vai permitir que essa população que passa por necessidade básica tenha acesso a crédito em condições muito melhores, taxas de juros mais baixas e prazos muito mais longos.”
Veja a notícia sobre aprovação do crédito consignado
Senado aprova crédito consignado para beneficiário do Auxílio Brasil
Medida provisória aumenta limite do crédito para assalariados
O Senado aprovou nesta quinta-feira (7) a medida provisória que aumenta o limite de crédito consignado para os assalariados e autoriza essa modalidade de empréstimo para quem recebe o Benefício de Prestação Continuada (BPC), a Renda Mensal Vitalícia (RMC) e o Auxílio Brasil. A matéria segue para sanção presidencial.
O texto aprovado prevê o aumento de 35% para 40% a margem consignável dos empregados celetistas, servidores públicos ativos e inativos, pensionistas, militares e empregados públicos.
Os aposentados do Regime Geral de Previdência terão a margem ampliada de 40% para 45%, mesmo valor aplicado a quem recebe BPC ou Renda Mensal Vitalícia. Em todos esses casos, 5% é reservado para operações com cartões de crédito consignado.
A matéria também inclui beneficiários do Auxílio Brasil, que poderão fazer empréstimos de até 40% do valor do benefício, sendo que a responsabilidade sobre a dívida não poderá cair sobre a União.
Consignado
O empréstimo consignado é concedido com desconto automático das parcelas em folha de pagamento ou benefício, sendo que o limite máximo que poderá ser comprometido pelo desconto em folha é a margem consignada. O cartão de crédito consignado funciona como um cartão de crédito na hora da compra, mas a dívida é descontada automaticamente do salário.
Agência Brasi
* Com informações da Agência Senado