Estudo elaborado pela assessoria econômica da ABAC – Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios – identificou conexão relevante entre a venda de cotas de consórcio e a renda dos consumidores.
Confira análise de Luiz Antonio Barbagallo, economista da entidade.
Ao analisar a demanda de um determinado produto ou serviço, os economistas têm como foco identificar as variáveis explicativas, ou estatisticamente, as variáveis independentes, que exercem influência direta na decisão do consumidor. Trata-se de deliberações de consumo que ocorrem em função de taxa de juros, nível de emprego, renda, entre outros.
Ao demonstrar que o total de rendas é a soma do consumo mais investimentos, é possível resumi-las na equação y = c + i – base do raciocínio – onde a renda é representada pela letra “y”; o consumo, pela “c”; e o investimento pela “i”.
“Não é preciso ser economista para deduzir que, se o valor da renda é produto da totalização do que consumimos mais o que investimos, as decisões são pautadas, em grande medida, pelo nível de renda disponível, sempre sujeita às flutuações”, diz Luiz Antonio Barbagallo, economista da ABAC Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios.
O consórcio é considerado, por muitos consumidores, como a forma mais simples de concretizar aspirações de consumo ou de poupança, enquanto para outros é apontado como meio de investimentos.
No sonho do carro novo, por exemplo, ou na conquista do maior objetivo do brasileiro – a compra de um imóvel, o uso do mecanismo, além de induzir ao hábito de disciplinar e economizar para uma aquisição futura, também estimula o planejamento das finanças pessoais. “Aliás, no caso de formação ou ampliação de patrimônio imobiliário, a renda passiva advinda dos aluguéis é exemplo de como o consórcio se encaixa perfeitamente na equação”, esclarece Barbagallo.
Estudo elaborado pela assessoria econômica da ABAC identificou conexão relevante entre a venda de cotas de consórcio e a renda dos consumidores. Apoiado em dados divulgados sobre Renda Per Capita Familiar Anual, obtida na Pesquisa Anual por Amostra de Domicílios – PNAD, realizada pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, entre os anos de 2009 a 2022, e a quantidade de cotas de consórcio vendidas anualmente nesse período, a avaliação revelou que, mesmo em tempos de crise econômica, não houve diminuição na venda de cotas, pois aqueles consumidores que mantiveram seus empregos e renda, continuaram a investir no consórcio.
Os percentuais nos estados da federação
Ao analisar o resultado dos cálculos estatísticos de regressão, elaborado pelo economista Barbagallo, produzido com 95% de grau de confiança, foi observada que a renda familiar explica 67,3% das vendas de cotas de consórcio no Brasil. O trabalho concluiu que para cada R$ 1,00 de renda per capita familiar, 1.824 cotas são comercializadas, em média.
No gráfico abaixo, originado a partir dos cálculos estatísticos, “é possível verificar que todos os pontos de intersecção entre renda e venda de cotas, nos últimos 14 anos, estão próximos da média representada pela linha reta no gráfico, o que ratifica a forte relação entre as duas variáveis”, detalha o economista.
Fonte: Assessoria Econômica da ABAC
No Brasil, os percentuais obtidos nas unidades federativas foram expressivos em sua maioria. São quinze estados e o Distrito Federal, cuja variável explicativa ficou acima de 50%, isto é, a renda nesses estados foi fator preponderante para a venda de cotas, de acordo com o mapa.
Renda per capita cresce, adesões também crescem
Com base no estudo empírico, é possível projetar ainda boas perspectivas futuras, pois dados divulgados pela empresa Tendências – Consultoria Integrada, apontam recente crescimento da média salarial de 6,2%, verificado no segundo trimestre deste ano, quando comparado ao mesmo período de 2022.
“Como consequência, é de se acreditar que os números relativos à renda per capita familiar de 2023 seguirão crescendo e influirão diretamente no desempenho do consórcio, aliás como já vem ocorrendo há alguns anos”, esclarece Barbagallo.
Se, porventura, houver um crescimento menor do PIB ou até mesmo uma retração, existe a possibilidade de implicações na renda e decorrências na performance setorial, “porém, nem sempre um PIB menor ou até mesmo negativo significa uma renda familiar per capita menor”, contrapõe o economista da ABAC.
Barbagallo complementa ainda que, diferentemente da renda per capita, a renda familiar per capita, de acordo com a definição do IBGE, é calculada como a razão entre o total dos rendimentos domiciliares, em termos nominais, e o total dos moradores. Neste cálculo, são considerados os rendimentos de trabalho e de outras fontes. Todos os moradores são considerados no cálculo, inclusive os moradores classificados como pensionistas, empregados domésticos e parentes dos empregados domésticos.
Os dados de 2015 e 2016, por exemplo, evidenciam que naquele primeiro ano a queda no PIB foi de -3,5%. No entanto, a renda familiar per capita, também no mesmo período, cresceu 5,8%. No ano seguinte, em 2016, a retração foi ligeiramente inferior, -3,3%, e, novamente, a renda cresceu: 10,2%.
“Recessões são ruins, geram desemprego e queda no consumo, entre outras mazelas. Contudo, aquelas famílias que conseguem manter seus empregos e não têm seus rendimentos reduzidos, continuam com seus planos, incluindo participação no Sistema de Consórcios como um forte aliado para conseguir realizá-los”, conclui Barbagallo.