Taxas de juros ao consumidor voltaram a ser elevadas em março
A taxa de juros média geral vai a 124,97% ao ano
As taxas de juros das operações de crédito voltaram a ser elevadas em março. Das seis linhas de crédito pesquisadas, cinco tiveram suas taxas de juros elevadas no mês (juros do comércio, cartão de crédito, cheque especial, empréstimo pessoal-bancos e empréstimo pessoal-financeiras) e uma teve sua taxa de juros reduzida no mês (CDC-Bancos-financiamento de veículos).
Realizada pelo nosso âncora Miguel José Ribeiro de Oliveira, a pesquisa de juros da Anefac demonstra que a taxa de juros média geral para pessoa física apresentou uma elevação de 0,03 ponto percentual no mês (0,76 ponto percentual no ano) correspondente a uma elevação de 0,43% no mês (0,61% em doze meses), passando de 6,96% ao mês (124,21% ao ano) em fevereiro para 6,99% ao mês (124,97% ao ano) em março, sendo esta a maior taxa de juros desde junho de 2018.
As elevações das taxas de juros são atribuídas a dois fatores. Uma é a sinalização do Banco Central de que a taxa de juros básica (SELIC) vai permanecer em 13,75% ao ano por mais tempo. Outro fator é a piora no cenário de crédito, aumentando o risco de inadimplência frente às elevadas provisões feitas pelos bancos por conta das recuperações judiciais de Americanas, Oi, Itaipava e outras grandes empresas.
Essa deterioração do cenário de crédito também envolve o endividamento elevado das famílias, o baixo crescimento econômico e queda da renda dos brasileiros frente a um ambiente de inflação ainda elevada e desemprego elevado.
Como tradicional campeão dos juros altos, o cartão de crédito que subiu de 14,58% (412,04% ao ano) para 14,68% (417,43% ao ano).
Confira as seis linhas de credito pesquisadas.
Empresa
Das três linhas de crédito pesquisadas, uma teve sua taxa de juros reduzida no mês (Capital de Giro) e duas tiveram suas taxas de juros elevadas (Desconto de Duplicatas e Conta Garantida).
A taxa de juros média geral para pessoa jurídica apresentou uma elevação de 0,01 ponto percentual no mês (0,19 ponto percentual no ano), correspondente a uma elevação de 0,25% no mês (0,31% em doze meses), passando de 4,05% ao mês (61,03% ao ano) em fevereiro para 4,06% ao mês (61,22% ao ano) em março, sendo esta a maior taxa de juros desde maio de 2018.
O Desconto de Duplicata teve elevação de 1,98%. Passou de 2,02% ao mês (27,12% ao ano) em fevereiro para 2,06% ao mês (27,72% ao ano) em março. A Conta Garantida sofreu aumento de 0,38%. Foi de 7,96% ao mês (150,70% ao ano) em fevereiro para 7,99% ao mês (151,54% ao ano) em março. O Capital de Giro teve a redução de 1,38%. A taxa de juros diminuiu de 2,17% ao mês (29,38% ao no) em fevereiro para 2,14% ao mês (28,93% ao ano) em março.
Perspectiva para os próximos meses
Tendo em vista o cenário econômico com maior risco de crédito (endividamento elevado, inflação alta e seus efeitos na renda, desemprego elevado) e da elevação da inadimplência, a tendência é de que as taxas de juros das operações de crédito possam ser elevadas nos próximos meses.
Taxa de juros x Selic
Considerando todas as elevações da taxa básica de juros (Selic) promovidas pelo Banco Central desde janeiro de 2021, tivemos neste período (janeiro/2021 a março/2023) uma elevação da Selic de 11,75 pontos percentuais (elevação de 587,50%) de 2,00% ao ano em janeiro de 2021 para 13,75% ao ano em março de 2023.
Neste período, a taxa de juros média para pessoa física apresentou uma elevação de 32,38 pontos percentuais (elevação de 34,97%) de 92,59% ao ano em janeiro de 2021 para 124,97% ao ano em março de 2023.
Nas operações de crédito para pessoa jurídica houve uma elevação de 20,02 pontos percentuais (elevação de 48,59%) de 41,20% ao ano em janeiro de 2021 para 61,22% ao ano em março de 2023.