Nosso âncora explica os principais fatores
Miguel José Ribeiro de Oliveira
Nos últimos meses, os saques da poupança têm ultrapassado o nível do depósito, ou seja, há mais recursos saindo do que entrando. Essa situação é provocada por vários fatores. Um deles é a queda da renda, principalmente gerada pela inflação mais alta e pelos juros mais altos. As pessoas com uma renda menor disponível são obrigadas a resgatar recursos das suas economias e das suas poupanças.
Além disso, o desemprego elevado faz com que as pessoas por falta de renda comecem a resgatar as suas economias para fazer frente aos seus compromissos.
Outro fator, esse é mais recente, trata-se da baixa rentabilidade da poupança frente aos fundos da renda fixa, ou seja, à medida que a Selic, taxa básica da economia, vem subindo, aumenta a vantagem dos fundos de investimento sobre a poupança, ou seja, a poupança rende menos que os fundos.
Nesse cenário, as pessoas migram de investimentos, ou seja, as pessoas resgatam o dinheiro da poupança para aplicá-lo nos fundos de investimento ou no tesouro direto e nos fundos de renda fixa com objetivo de ter uma rentabilidade maior.
Existe, também, um último motivo para o saque da poupança. Esse um pouco menor, mas ele acontece. Muitas vezes, as pessoas têm reservas financeiras, mas não querem mexer nelas. Numa necessidade, ela vai ao banco e faz um empréstimo por um prazo curto.
Nesse caso, ela encontra hoje o seu financeiro muito mais seletivo no crédito, ou seja, num ambiente em que há o desemprego elevado, queda de renda e país crescendo pouco, principalmente num ambiente de juros mais altos, os bancos ficam preocupados com o aumento da inadimplência que deve crescer este ano.
Nesse ambiente de risco maior de crédito, os bancos se fecham e começam a emprestar de forma mais seletiva, o que leva essas pessoas a recorrer a sua poupança para fazer frente aos seus compromissos.